Era uma vez um ancião que plantava tâmaras no deserto. Um dia, enquanto estava concentrado em sua atividade, foi abordado por um jovem, que perguntou:
— Mas por que o senhor perde tempo plantando o que não vai colher?
O jovem sabia que as tamareiras levam entre 80 e 100 anos para produzir seus primeiros frutos. Aquele senhor não viveria para ver o resultado de seu trabalho.
O ancião então virou e respondeu assim:
— Meu bom jovem, se todos pensassem como você, ninguém colheria tâmaras.
O declínio na inteligência entre gerações é um sintoma alarmante de que algo fundamental está faltando em nossa sociedade. Não é apenas uma questão de políticas públicas inadequadas ou de sistemas educacionais falhos; é um reflexo de nossas escolhas coletivas, daquilo que valorizamos e priorizamos como sociedade. A educação, um pilar fundamental para o desenvolvimento intelectual e moral de qualquer nação, parece ter sido relegada a um plano secundário, sujeita às vicissitudes de decisões políticas desprovidas de visão de longo prazo.
A situação educacional no Brasil, como ilustrada pelos resultados preocupantes em avaliações internacionais como o PISA e o Pirls, é um chamado à ação. Não podemos nos dar ao luxo de ignorar o impacto profundo que a educação de qualidade tem sobre o futuro de nosso país. Mas, para mudar essa realidade, precisamos de lideranças comprometidas com reformas educacionais profundas e sustentáveis, lideranças que vejam além do ciclo eleitoral e que se dediquem a plantar as tâmaras que não colherão.
Neste contexto, o voto consciente emerge como uma ferramenta poderosa nas mãos do cidadão. Cada voto tem o potencial de contribuir para uma mudança significativa, para a escolha de representantes que compartilhem da visão do plantador de tâmaras, que se comprometam com o futuro de forma genuína e que estejam dispostos a trabalhar arduamente pelo bem-estar das próximas gerações. O voto, portanto, não deve ser visto como um mero ato cívico obrigatório, mas como um compromisso com o futuro, uma oportunidade de semear hoje as bases de uma sociedade mais justa, educada e próspera.
À medida que nos aproximamos das urnas, o que importa é refletir sobre o tipo de futuro que queremos construir. Que a história do plantador de tâmaras nos inspire a escolher líderes que não apenas prometam resultados imediatos, mas que estejam dispostos a investir no longo prazo, na educação de qualidade que nossas crianças precisam e na construção de um país que seja, verdadeiramente, um oásis de sabedoria e prosperidade.
Assim, ao votar, lembremo-nos do ancião no deserto, plantando tâmaras que ele nunca colherá, mas que alimentarão as gerações futuras. Que nossos votos sejam as sementes para um Brasil melhor, não apenas para nós, mas para nossos filhos e netos. Que possamos ser, todos, plantadores de tâmaras, cultivando um futuro no qual a educação e a sabedoria floresçam, guiados pela consciência de que cada escolha que fazemos hoje ressoa no amanhã.
Alisson Magalhães é Ministro Ordenado na Igreja do Nazareno, formado em Teologia pela FNB/Unicamp, professor de Teologia em cadeiras teológicas, pastorais e na área de música e adoração. Autor do livro Cristianismo 4.0 – Desafios para a comunicação cristã no século XXI, é publicitário, jornalista, Consultor e Especialista em Comunicação Pública, Marketing Político e Eleitoral. Atualmente serve com sua esposa, Elaine, na Serra Catarinense, onde também atua como Chefe de Gabinete no município de Palmeira/SC.