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“Narcomilícia evangélica”? Uma resposta à absurda declaração do “iluminado” ministro
Opinião em foco
Publicado em 12/03/2024

Nós, cristãos, somos um povo perseguido desde o primeiro século da era cristã, quando a Igreja teve início. A diferença da perseguição do passado para a que vigora até os dias atuais está apenas no método: se antes nos jogavam aos leões e nos matavam ao fio da espada, hoje nos penduram na cruz das ideologias autoritárias que militam contra a vida e a nossa liberdade de fé.

Sim, ainda somos perseguidos violentamente; por exemplo, em regiões onde o radicalismo islâmico impera. Irmãos de fé continuam sendo mortos pelo fio da espada, enquanto outros são alvejados e muitos espancados, presos e torturados em regimes como os da Coreia do Norte e China.

Mas, em países como o Brasil, a perseguição aos cristãos evangélicos pode se apresentar por meio do discurso, na forma de narrativas como a do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que afirmou existir uma “rede evangélica” colaborando com traficantes do Rio de Janeiro.

Nas palavras do “iluminado” Supremo, com destaque meu: “Recentemente, o ministro Luís Roberto Barroso presidiu uma reunião extremamente técnica sobre essa questão, e um dos oradores falou de algo que é raro de se ouvir: uma narcomilícia evangélica, que aparentemente se dá no Rio de Janeiro, onde, portanto, haveria hoje já um acordo entre narcotraficantes, milicianos e pertencentes ou integrados a uma rede evangélica”.

Qualquer pessoa minimamente equilibrada e intelectualmente honesta sabe que não existe evangélico traficante, ou traficante evangélico, pois ambas as coisas são, por definição, incompatíveis. O que pode existir, isto sim, é criminoso tentando fingir ser o que não é, aparentando algo que, na prática, não condiz com a realidade.

Evangélico é quem segue o Evangelho de Jesus Cristo, e nele não há margem para interpretações que incluam o tráfico de drogas como um ato legal. Quem colabora com traficantes, portanto, definitivamente não é evangélico, mas criminoso por definição, e como tal não pode ser aceito como membro em uma igreja evangélica.

Isto posto, é uma aberração intelectual associar o mundo evangélico ao narcotráfico. Ao reproduzir o que ouviu, sem fazer qualquer distinção entre criminosos por definição e evangélicos, de fato, Gilmar Mendes propaga informação abjeta, enganosa, preconceituosa e que incita a intolerância contra a comunidade evangélica em geral, especialmente a periférica.

Concluo dizendo que, se existe alguma relação entre os evangélicos e o tráfico, esta é a de combate! Sim, porque somos nós, da Igreja Evangélica, que mais retiramos vítimas do tráfico das ruas, recuperando usuários de drogas e de tantas outras mazelas que assolam a sociedade, como prostituição e a exploração infantil.

Famílias inteiras são restauradas e vidas outrora arruinadas são transformadas, graças ao trabalho voluntário de milhões de evangélicos dentro e fora do Brasil. Esta, sim, é a única relação que há entre a Igreja e a criminalidade: a de ser luz em meio às trevas!

Por isso existe ex-traficante, ex-viciado, ex-assassino, porque todo àquele que vem a Cristo e aceita a genuína proposta do Evangelho, torna-se uma nova criatura, não permanecendo mais na criminalidade. Portanto, não existe traficante evangélico, muito menos “rede evangélica” do tráfico, e qualquer que afirmar o contrário disso estará mentindo, sendo por isso boca do inferno, filho de Satanás (João 8:44).

Marisa Lobo possui graduação em Psicologia, é pós-graduada em Filosofia de Direitos Humanos e em Saúde Mental e tem habilitação para Magistério Superior.

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