Atualmente comenta-se a respeito da liberdade: liberdade de expressão, gênero, religião, liberdade para relacionar-se com quem e como quiser, em suma, uma das bandeiras mais hasteadas do nosso tempo é a liberdade. Liberdade que a sociedade atualmente tem por definição o direito de escolher, ser e fazer o que quiser do modo que bem entender.
A liberdade é tão antiga quanto o mundo e podemos avistá-la no meio do Éden no momento que Deus coloca a árvore da ciência do bem e do mal e a árvore da vida. Foi lá que o homem se deparou com as suas primeiras escolhas.
Sócrates, filosófo da Grécia antiga, traz um conceito interessante a respeito da liberdade. Ele acredita ser verdadeiramente livre só quem é capaz de dominar seus sentimentos, pensamentos e a si próprio. Para Sócrates, não é livre quem cumpre o que deseja, pelo contrário um homem que se move apenas pelas suas emoções, pensamentos e desejos é um homem controlado pelas suas paixões, portanto escravo.
A partir desse conceito nós podemos ver como o termo liberdade foi sendo usurpado, relativizado e modificado por algo que se distancia e muito do que de fato é. Segundo as Sagradas Escrituras, o homem livre é aquele que consegue optar e escolher o bem, a vida. Ainda que num primeiro momento não encontre satisfação nisso.
A cena de Jesus Cristo no Getsêmani nos mostra um dos maiores embates internos da história sobre liberdade, e nós podemos verificar isso no versículo onde Cristo orando a Deus pede:
"[...], prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; porém, não seja como eu quero, mas como tu queres" (Mateus 26:39)
Se é possível, passe de mim este cálice, porém, não seja como eu quero. A oração final foi conclusiva: “Não seja como eu quero”. Cristou negou-se, escolhendo submeter-se a sua missão mostrando-nos que o caminho do Evangelho não é pra quem quer viver fazendo o que gosta, é pra quem faz o que deve ser feito ainda que não queira.
Jesus dizia a todos: ― Se alguém quiser vir após mim, negue‑se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga‑me. (Lucas 9:23)
O Evangelho que as pessoas querem perseguir atualmente é o Evangelho que promete a solução para todos os impasses e dificuldades, aquele que honra aquele Evangelho que traz prosperidade e principalmente um Deus que protegerá seus filhos das consequências das suas escolhas. Liberdade para escolher o que nos traga felicidade. Mas só devemos lembrar que as palavras de Cristo foram:
Se alguém quiser vir após mim, negue‑se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga‑me. (Lucas 9:23)
Jesus negou-se, e advertiu que para o seguirmos a via continua sendo a mesma, negar-se. E negar-se compreenderá, muitas vezes, negar a sua vontade, os seus sonhos, os seus desejos a sua ascensão para muitas vezes viver uma vida nos bastidores, fazendo o que nos cabe cumprindo o seu dever, sacrificando-se ao escolher o bem.
Num episódio muito específico em Gênesis, quando Deus conversa com Caim ele diz:
[...] saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo" (Gênesis 4:7)
Esse é mais um momento de muitos onde a Bíblia deixa claro por meio dessa história que as paixões, e aqui entendam no sentido das emoções mais baixas que um ser humano pode nutrir em si, estão sempre a porta da nossa mente, incitando nosso coração para nos dominar para que façamos as coisas justificados na ideia de satisfazer nossos próprios interesses. A serpente sempre vai aparecer pra dizer: “Será que Deus não quis dizer isso”... Mas a verdade, que é uma só aponta para o que Deus nos revelou ao dizer: “ a você cumpre dominar-se”.
Desde a queda do Éden o desafio continua sendo o mesmo, a liberdade não é apenas escolher, mas sim, escolher o bem, a verdade. Como cristãos não podemos distorcer esse conceito para satisfazer nossas vontades principalmente quando é uma escolha guiada pelo egoísmo.
Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, (Deuteronômio 30:19)
Andreia Pinheiro Pereira é cristã, formada em Direito e Letras; Policial Civil no Estado de São Paulo; Professora de Letramento e Literatura; Colaboradora da plataforma UNOVA, com três cursos publicados: “Homeschooling – Educação Cristã”; “Os Temperamentos Humanos” e “As Principais Etapas da Alfabetização Infantil”. Mãe de três meninas e casada com o Policial Civil Leandro Paulo.