Apesar da exploração da fé alheia não ser novidade para a humanidade, já que o charlatanismo existe desde a antiguidade, essa prática surgiu e parece ter se tornado recorrente, também, no meio evangélico, transformando parte da igreja brasileira em um “balcão de negócios”.
Essa é a opinião do pastor e teólogo Renato Vargens, que usou as redes sociais para criticar o surgimento de figuras que pregam um “evangelho de autoajuda”, e que “em nome de uma graça barata” também pregam “um Cristo bonachão”, destituído de Justiça.
“Transformaram a igreja num grande negócio e o evangelho num produto. Senão bastasse isso, muitos pastores tem comercializado as boas novas cobrando altos cachês para pregar a Palavra de Deus”, comentou o pastor.
Autor de pelo menos 30 livros no segmento teológico, Vargens tem se unido a outros nomes da teologia cristã brasileira para fazer um apelo à Igreja pelo “retorno ao evangelho” bíblico.
Diferentemente do que alguns podem imaginar a partir dos comentários do pastor, a exploração da fé no segmento evangélico não se resume apenas ao meio neopentecostal, do qual fazem parte megaigrejas que promovem práticas questionadas à luz da Bíblia.
Ele envolve, também, lideranças tradicionais do evangelicalismo que outrora foram conhecidas pela fidelidade às Escrituras, mas que agora parecem ter optado por um tipo de evangelho personalizado, destoante da ortodoxia cristã.
Viraram produtos
Para Vargens, a mercantilização da fé também diz respeito ao setor musical, onde cantores gospels ganham grandes somas em dinheiro, não como consequência de um trabalho natural, de fato, mas de quem se coloca nesse segmento como um “produto”, em vez de proclamador do evangelho.
“Há tempos que parte da igreja brasileira virou um balcão de negócios, que cantores viraram produtos e pastores animadores de auditório. Triste saber que a casa de oração virou casa de negócios, que o evangelho, coaching; e o povo massa de manobra”, disse ele em outra publicação.
Recentemente, uma polêmica envolvendo a pregadora Vitória Souza e o pastor Éverton Porto, da Assembleia de Deus Fonte de Vitória, em Catanduva (SP), trouxe à tona o tema da exploração comercial da fé, também se tornando alvo de críticas por parte do pastor Renato Vargens. “Cristo é o produto vendido”, comentou ele. “Que Deus tenha misericórdia da combalida igreja evangélica brasileira.”