Tem muita gente sofrendo um determinado tipo de transtorno que tem abalado relações. E isso em todas as esferas, trabalho, família, igreja etc. O transtorno simplesmente dominou a cena e os dominados não conseguem perceber o estrago.
Esse transtorno atende pelo nome de nomofobia, que é o medo de ficar sem o celular, a total dependência do celular. Já parou pra pensar que as vezes esquecemos os óculos, o cartão de crédito, a habilitação, a chave do armário, a chave de casa, a porta aberta da cozinha, a roupa no varal, os brinquedos na chuva, é chato, mas é vida que segue e fica tudo bem.
Agora experimente esquecer o celular. O coração palpita, a respiração muda, a impaciência aparece, a ansiedade surge, a fragilidade é exposta, o transtorno domina. Isso mesmo, o transtorno. A maioria fica transtornada quando esquece o celular e, diferentemente de grande parte das outras coisas que se esquece, sobre as quais lamenta-se, mas dá-se um jeito, a solução via de regra é voltar e buscar o celular, só assim o alívio chega, afinal, como passar um dia sem o celular?
Eis o perigo. Tecnologicamente e sedutoramente infiltrado em praticamente todas as famílias. Para comprovar é bastante simples. Observe as famílias juntas nos momentos de refeição. Normalmente estão de cabeças baixas, olhando para o... celular! Todos na mesa, todos muito próximos e ao mesmo tempo muito distantes. E esta cena pode ser vista e comprovada nas casas, nos restaurantes, em praticamente todos os ambientes sociais.
Então a culpa pelo esfriamento nas relações é dos celulares? Não!!! O celular é só uma máquina, um aparelho, é tecnologia de ponta que deveria apenas nos servir, como de fato serve. Milhões estão pagando contas, fazendo reuniões, enviando trabalhos para aprovação, fotos, vídeos, institucionais, ofertas, produtos, cursos, tudo via celular. Tudo isso diminuiu distâncias, economizou tempo, poupou recursos, gerou negócios, formou empreendedores. E isso é bom de maneira geral.
O problema é o que se pensa, se projeta e se faz de ruim com a tecnologia. Mentiras, calúnias, pornografias, golpes, ameaças, traições, ciladas, apostas, drogas, prostituições de todos os tipos. Tudo isso e muito mais tranqueiras estão ali, a apenas um toque, fisgando, seduzindo, viciando e causando uma total dependência.
O transtorno da nomofobia provoca níveis altíssimos de ansiedade e, se o problema não for identificado e tratado, pode chegar a estados profundos de depressão. Filhos estão sem propósito, vulneráveis, despreparados e totalmente fragilizados pela enorme exposição. Casais estão perdendo seus casamentos e vendo a destruição de suas famílias por não reagirem ao problema.
Que tal lembrarmos de uma antiga música cantada pelas crianças nas muitas igrejas? Dizia assim: “O telefone do céu é a oração, o telefone do céu é joelho no chão...” A principal e mais importante conexão que precisamos e que não pode cair, é a conexão com Deus. Todas as demais podem esperar. Todas as outras devem ocupar um segundo plano, bem distante da primeira. Fale mais com Deus e menos com as propostas deste velho mundo, afinal, o que ligarmos no céu será ligado aqui na terra. Como? Na prática da Palavra, no relacionamento com o Deus da Palavra.
Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.