"Estou para ver uma estratégia de comunicação tão ruim, se é que tem estratégia nisso", afirmou Elena Landau

A colunista Elena Landau, do jornal O Estado de São Paulo, enumerou uma sequência de “trapalhadas” do novo governo Lula (PT) e confessou nunca ter visto uma “estratégia de comunicação tão ruim”. Para ela, o atual presidente “perdeu a embocadura” em algum momento desses 20 anos, e hoje já “não é mais o mesmo”.

– Guerra contra o Banco Central, idas e vindas sobre Ucrânia, a volta do anti-imperialismo americano, caça aos jabutis tributários, decretos para o saneamento, Petrobras ignorando a CVM, empréstimo para Argentina e, coroando esse elenco de retrocessos, a ação no STF contra a Eletrobras. A lista não é exaustiva porque, enquanto escrevo, alguma nova trapalhada pode aparecer. Estou para ver uma estratégia de comunicação tão ruim, se é que tem estratégia nisso. Vai ver é só o coração de Lula transbordando – ponderou a colunista.

Na avaliação da economista, o presidente perdeu a oportunidade de ter iniciado seu novo mandato com “união” diante dos atos do 8 de janeiro, mas preferiu “manter a polarização”.

Na sequência, Landau apontou críticas à política econômica do petista. Para ela, o arcabouço fiscal tem como premissa “primeiro eu gasto, depois eu vejo como pago”.

– Não tem Desenrola que ajude o Tesouro, é mais dívida mesmo – observou.

Ela também pontuou os confrontos que o presidente vem travando com o Congresso ao tentar revisar decisões como a privatização da Eletrobras e trechos do marco do saneamento, via ação no Supremo Tribunal Federal (STF) e decretos.

– Dois instrumentos inadequados para implementar mudanças em leis votadas recentemente. Os partidos que formam hoje a “base do governo”, se é que isso existe, estavam presentes nas duas votações e foram derrotados. Importa é desfazer iniciativas de governos passados independentemente dos inegáveis benefícios que trouxeram, como é flagrante no caso do saneamento. Nada justifica mudar as regras atuais – acrescentou.

Landau também classificou o caso da Eletrobras é “escandaloso”, pois “não há qualquer elemento de inconstitucionalidade da lei”, mas sim uma “litigância de má-fé”.

– A mudança na política econômica era totalmente previsível. O que surpreende é a inabilidade daquele que já foi considerado maior político do país. Em que momento, desses 20 anos, Lula perdeu a embocadura é difícil determinar, mas não ele não é mais o mesmo – concluiu a economista.