A sociedade contemporânea vive debaixo da ditadura do relativismo moral. Nessa cultura decante, defender valores e princípios absolutos é assumir uma postura de radicalismo. É ser taxado de retrógrado e intolerante. Nessa sociedade adoecida pelo pecado, as pessoas estão amando mais a si mesmas do que ao próximo; mais as coisas materiais do que a família e mais os prazeres do que a Deus. Assistimos, estarrecidos, o avanço desenfreado da iniquidade, o crescimento insopitável do mal, a escalada vertiginosa da violência. O que vemos não é apenas a tolerância ao erro, mas uma gritante inversão da valores. Chamam luz de trevas e trevas de luz; aplaudem o vício e escarnecem da virtude; fazem troça da honra e elogiam a desfaçatez; favorecem o crime e penalizam a honradez. Nessa cultura pervertida e corrupta que destrói os fundamentos, rejeita a verdade, escarnece da justiça, zomba da pureza e avilta o sagrado, precisamos ter coragem e firmeza granítica para não nos capitularmos às pressões do mal nem ficarmos de cócoras diante das seduções do mundo. Destaco, aqui, alguns valores inegociáveis:
Em primeiro lugar, o valor da liberdade. A liberdade é um valor inegociável. Uma nação jamais será grande, se seus cidadãos vivem no cabresto do medo. Onde o povo tem sua voz amordaçada, seus pensamentos patrulhados e sua opinião penalizada pelos rigores da lei, aí reina a opressão. A liberdade é um bem tão precioso quanto a vida. Jamais devemos defender ideologias que promovem o cerceamento da liberdade, o controle da opinião e a supressão das liberdades.
Em segundo lugar, o valor da propriedade. Qualquer regime político ou econômico que atenta contra o direito de propriedade, descamba para a violência, promove a injustiça e perturba a paz. Os regimes socialistas, em nome da justiça social, onde se estabeleceram, promoveram a pobreza generalizada. É preciso ressaltar, ainda, que o patrimônio construído ao longo dos anos, pelo trabalho abnegado dos pais, pertence aos seus descendentes e não ao Estado. Os filhos não devem ser vistos como parasitas; eles são herdeiros legítimos.
Em terceiro lugar, o valor da família. A família é o maior patrimônio de uma nação. Não há nação forte com famílias fracas e fragmentadas. Destruir os pilares de sustentação da família, é colapsar a própria nação. Valorizar o casamento e o papel dos pais na educação dos filhos é o caminho mais seguro para se construir um país forte.
Em quarto lugar, a valor da vida. A vida começa na concepção. O embrião gestado no ventre da mãe não é uma massa humana, que pode ser descartada, mas uma vida humana que precisa ser protegida. Não se constrói uma nação justa com o derramamento do sangue de inocentes. De igual modo, não se estabelece a paz onde a vida é mercadejada, escravizada e ceifada precocemente nos antros do narcotráfico. A vida é sagrada e deve ser protegida em todas as suas etapas.
Em quinto lugar, o valor da moralidade. A integridade moral nas instituições públicas, na família e na igreja não deve ser apenas uma indumentária para se tirar uma foto perfeita; deve, antes, ser o ornamento da vida. O exemplo de integridade moral deve vir de cima e começar com os líderes. É fato incontroverso que observamos mais nossos líderes do que os escutamos. Eles serão mestres do bem ou promotores do mal. Serão escultores do eterno ou alfaiates do efêmero. A Palavra de Deus diz que o pecado é o opróbrio das nações. Sem integridade moral, a sociedade se corrompe e a nação padece.
É tempo de resistirmos essa onda da frouxidão moral que assola o mundo. Importa que labutemos, sem trégua, na busca de valores morais inegociáveis, que pavimentem o caminho da ordem e do progresso da nação.
Hernandes Dias Lopes é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, escritor, membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e diretor executivo da Editora Luz para o Caminho.