Quero conversar com você sobre autoridade e poder, temas que são estudados pela psicologia, mas que também são bastante recorrentes na Palavra de Deus, haja vista que Deus possui ambas as características e nos ensina a lidar com elas. No episódio da Multiplicação dos Pães e dos Peixes (Lucas 9:1-6), além de realizar um milagre para saciar a fome das pessoas, ajudando-as em suas necessidades humanas, Jesus mostra aos seus discípulos que eles mesmos têm autoridade e poder para realizar aquele grande feito.

Autoridade e poder são temas relevante porque as relações de autoridade e poder afetam a vida de todas pessoas e das mais variadas maneiras e podem influenciar na forma como elas se sentem, pensam e agem. Eles podem ser benéficos ou o contrário, por isso precisamos entendê-los.

No campo da psicologia, o senso de autoridade e poder refere-se à percepção que uma pessoa tem sobre sua própria capacidade de influenciar o comportamento dos outros e controlar situações. Essa percepção pode ser influenciada por fatores internos, como confiança e autoestima, e fatores externos, como a estrutura social e as normas culturais.

O psicólogo social Erich Fromm (1900-1980), autor de "A arte de amar" e "A fuga da liberdade", é reconhecido por sua contribuição ao estudo da psicologia do senso de autoridade e poder. Segundo ele, o poder é uma necessidade humana básica, porém, se não for usado de maneira consciente e ética, pode levar a abusos de autoridade e opressão. Fromm argumenta que a necessidade de poder é resultado da nossa natureza social e que é importante entender como as pessoas usam o poder para influenciar a vida dos outros.

Um autor cristão reconhecido que aborda o tema do poder e autoridade é Henri Nouwen (1932-1996). Em suas obras, ele destaca a importância da humildade e do serviço aos outros como formas de exercer liderança e influência de maneira positiva. Ele argumenta que a verdadeira autoridade vem de uma base de amor e compaixão, e não de uma posição de poder ou controle sobre os outros.

Nouwen também enfatiza a importância da empatia e da compreensão em relacionamentos de liderança, argumentando que líderes eficazes são aqueles que se colocam no lugar dos outros e trabalham para atender às suas necessidades. Ele também destaca a importância de líderes manterem uma atitude de humildade e de estarem sempre dispostos a aprender e a crescer, a fim de se tornarem cada vez mais eficazes em suas posições de liderança.

Temos em Jesus a postura de um perfeito líder, que sabia usar seu poder e sua autoridade sem ferir, humilhar, desmerecer e até se sobrepor a outros, ainda que ele tivesse todo o poder, nos céus e na terra. Então, é com ele que devemos aprender a nos portar quando se trata de poder e autoridade em nossos mais diversos tipos de relacionamentos.

Quando Fromm trata de poder, por exemplo, ele explica que existem duas formas de se relacionar com ele: a forma de dominação e a forma de amor. A forma de dominação é caracterizada pela necessidade de controlar e submeter os outros, enquanto a forma de amor é caracterizada pela vontade de ajudar e proteger os outros. Fromm afirma que a forma de amor é a única maneira saudável de se relacionar com o poder, pois permite que as pessoas mantenham sua dignidade e autonomia, ao mesmo tempo em que desenvolvem relações saudáveis com os outros.

Jesus é o exemplo de como esses argumentos são válidos e aplicáveis. É nele que devemos nos espelhar para nos relacionarmos bem com todos, independentemente da posição de autoridade e poder que tenhamos na circunstância.

Lembre-se sempre que é o Pai que tem todo poder e autoridade, então peça a ele que o ensine a lidar com essas questões.

O Pai ama você!

Por Darci Lourenção, psicóloga, pastora, coach, escritora e conferencista. Foi Deã e Professora de Aconselhamento Cristão. Autora dos livros “Na intimidade há cura”, “A equação do amor” e “Viva sem compulsão”.

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